SAFIM

Safi, Marrocos


Safim era capital fortificada de um pequeno reino muçulmano, que reconhecia a soberania de Portugal desde 1488, época das conquistas portuguesas de Arzila e Tânger. Naquele ano, o alcaide da cidade reconhecia o "rei de Portugal como seu senhor, por si e por seus concidadãos, presentes e futuros", e comprometia-se a pagar um tributo de 300 meticais de ouro ou o seu valor em mercadorias. Como símbolo dessa suserania recebia "a bandeira real e um atabaque" que o rei de Portugal lhe entregava; em contrapartida, tanto o alcaide como os moradores da cidade podiam circular sem restrições em todos os "domínios portugueses daquém e além-mar", podendo neles negociar em pé de igualdade com "os outros seus naturais ou vassalos".

A cidade foi conquistada sem dificuldade por D. Diogo de Azambuja em 1508, vindo a ser abandonada em 1542.

O seu complexo defensivo contava com cerca de três quilómetros de muralhas envolvendo a cidade, dominada por uma fortificação construída pelos portugueses: o chamado Castelejo ("Kechla"). Via de penetração para Marraquexe, a cidade e sede episcopal de Safim recebeu uma forte cerca amuralhada com risco dos irmãos Diogo de Arruda e Francisco de Arruda (1512) com destaque para um imponente baluarte circular que ladeava a porta do chamado "Castelo de Terra", cujas obras só seriam concluídas em 1540, dois anos antes do abandono da praça. Posteriormente a 1512, foi erguido ainda o chamado "Castelo do Mar", em estilo manuelino, a título de obra complementar, para defesa do porto.

Safim

Este castelo, o Ksar el Baahr como os habitantes de Safim lhe chamam, é, nos dias de hoje, um verdadeiro ex-líbris da cidade. Iniciada a sua construção em 1516, terá sido terminado só por volta de 1523. Os objetivos desta estrutura são evidentes: tratava‐se de proteger o comércio e o tráfego marítimo junto ao porto e onde estava a feitoria portuguesa. Algumas fontes mostram como, no local onde se ergueu este castelo, pelo menos desde 1501, se foram criando estruturas fortificadas para proteção da feitoria e da alfândega durante a sua construção. O seu construtor terá sido Pedro Álvares, embora seja provável que os irmãos Arruda tenham tudo alguma intervenção no projeto.

É considerada como a mais bela das praças-fortes portuguesas no Marrocos. As suas estruturas foram objeto de restauração nas últimas décadas, encontrando-se em excelente estado de conservação. No "Castelo do Mar" encontram-se actualmente trinta peças de artilharia, algumas das quais portuguesas. Destacam-se ainda os vestígios da antiga catedral, convertida em uma mesquita, actualmente requalificada como museu.

Ainda são visíveis as armas portuguesas e, desde o paço do capitão, ainda se pode apreciar uma magnífica vista de uma janela de nítido recorte quinhentista. Este castelo, permanentemente batido pelo mar, corre alguns riscos.Em fevereiro de 2010, lamentavelmente, uma das torres do castelo ruiu.

Safim

Safim tem tambem a Catedral Portuguesa, à qual, mais tarde (1929), Pierre de Cénival dedicou um interessante estudo. A Catedral terá tido um projeto inicial do vedor das obras Jorge Machado, que esteve em Safim entre 1517-1521, e do mestre‐de‐obras João Luís. Segundo as fontes, o projeto inicial terá sido apreciado e retocado, provavelmente por um dos irmãos Arruda, e devolvido para que a catedral fosse construída.

Na Catedral podemos ainda ver o escudo de D. Manuel, o rei que tomou e fortificou a cidade; nas chaves radiantes, alguns símbolos desta fase da expansão portuguesa: uma com a Cruz da Ordem de Cristo, uma segunda com a Esfera Armilar, outra com as armas episcopais de D. João Subtil, o único bispo de Safim que aí residiu e deu uma parte das verbas para a sua construção, uma outra com as chaves de São Pedro, três com folhas naturalistas e uma em que se perdeu o motivo inicial.


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