CEUTA
A fundação de Ceuta é lendária, é atribuída a um neto de Noé, duzentos e trinta anos após o dilúvio. Na descrição das Colunas de Hércules, a Ceuta primitiva tinha o nome “Abila”. Mais tarde, Ptolomeu chamava‐lhe Essilisa (na sua Geografia). Os Gregos tambem lhe chamaram “ Eptadelfos” devido às sete colinas em redor. Já os Romanos tê‐la‐ão apelidado de Septem Fratres, que significa "sete irmãos". Escavações recentes revelaram testemunhos da presença humana no território de Ceuta que remontam há cerca de 270.000 anos. Está também provada a presença Fenícia em Ceuta, existem vestígios de habitações junto à atual catedral. Fez parte da república de Cartago desde o século IV a.C. sendo dois séculos depois tomada pelos romanos nas Guerras Púnicas. Nesta fase passou a estar integrada na Numídia, que era governada por Juba II, A Numídia era um estado vassalo de Roma, tendo passado a fazer parte do Império Romano quando Calígula mata o último governador de Ceuta. Ceuta chega a capital da província da Mauritânia Tingitana. Há vestígios Romanos em Ceuta desde o século I a.C., desde potes, ânforas de barro e anzóis, encontrados nas ruínas de uma estrutura que se julga ter sido de uma antiga fábrica de salga, próxima da atual Praça de Nossa Senhora de África. Pensa-se que a actividade mais praticada nesses tempos era a caça da baleia. No período das invasões bárbaras ao Império Romano, em pleno século V, desembarcaram em Ceuta 80000 Vândalos, vindos da Península Ibérica, sob o comando de Gensérico e fundaram um reino em Ceuta. Mais tarde, desconhecendo-se a data exacta, chegam os Visigodos, já que a cidade viria ainda a fazer parte das conquistas do imperador bizantino Justiniano, no século VI. Os visigodos retomaram‐na nos inícios do século VII, durante o reinado de Sisebuto.
No início do século VIII, o conde visigodo Julião era governador de Ceuta quando pediu apoio aos muçulmanos para combater a facção do rei Rodrigo, no território da Península Ibérica. Submetidas pelos sarracenos, comandados por Muza, as cidades de Arzila e Tetuão, Ceuta ter‐se‐ão entregue, por força ou por traição do conde Julião, seu governador. Em 740, durante uma rebelião berbere em Marrocos contra o poder árabe Omíada que dominava desde Damasco, Ceuta é destruída. Cinquenta anos mais tarde Ceuta é tomada pela dinastia marroquina dos idríssidas. O califa de Córdova Abdal Rahman III foi chamado, em 931, a exercer uma espécie de protetorado sobre Marrocos, sendo o seu primeiro cuidado construir, ocupar e fortificar Ceuta e Tânger. Ceuta passar a servir de posto de embarque e base de operações nas guerras que se seguiram, entre as formações cristã e muçulmana, na Península Ibérica.
A 21 de agosto de 1415 Dom João I de Portugal ao comando de uma grande esquadra naval desembarca em Ceuta, na praia de Santo Amaro e conquista a cidade para Portugal. Pedro de Meneses, 1º Conde de Vila Real é nomeado o 1º Capitão-General de Ceuta, depois de se apresentar ao Rei com um "aleo", uma vara usada num jogo popular à época, e quando D. João lhe perguntou se era suficientemente forte para tomar a seu cargo a responsabilidade do governo de Ceuta terá respondido: «Senhor, este pau basta-me para defender Ceuta de todos os seus inimigos». O pau (Aleo) ainda hoje se encontra no santuário de Nossa Senhora de África e ainda é usado na cerimónia de posse dos Governadores de Ceuta. Ceuta foi reconhecida como Portuguesa através dos tratados das Alcáçovas (1479) e de Tordesilhas (1494), tendo tambem sido reconhecida como pertencente ao Reino de Portugal por vários Sultões de Fez e durante vários períodos de paz. Ceuta tornou-se diocese em 1417 por bula do Papa Martinho V. A partir de 1645 a diocese de Ceuta deixou de pertencer a Portugal, e passou a ser espanhola. No contexto da Dinastia Filipina, que se seguiu ao desaparecimento de D. Sebastião em 1580 na sequência da batalha de Alcácer de Quibir, Ceuta manteve a administração portuguesa, tal como Tânger e Mazagão. Todavia, quando da Restauração Portuguesa em 1640 não aclamou o Duque de Bragança como rei de Portugal, ficando sob domínio espanhol. A situação foi oficializada em 1668 com o Tratado de Lisboa, assinado entre os dois países e que pôs fim à guerra da Restauração, no entanto, a cidade decidiu manter a sua bandeira que é composta por gomos brancos e pretos, à semelhança da bandeira da cidade de Lisboa, ostentando ao centro o escudo português.