
Rui Pires
DOCUMENTARY PHOTOGRAPHY CULTURAL ANTHROPOLOGY Aveiro - PORTUGAL
Azamor
Azemmour, Marrocos
Azamor foi um porto comercial dos fenícios e mais tarde do Império Romano.Localiza‐se na fronteira entre as províncias da Doukkala e da Chaouia, na margem esquerda de um dos principais rios de Marrocos, o Oum er Rbia, a cerca de 3km da foz . Deteve uma função portuária relevante até ao século XVI, altura em que o acesso marítimo se viu condicionado pelo assoreamento da barra. Especulando-se sobre uma origem ancestral, está claramente documentada a sua importância durante o período medieval islâmico. As fontes escritas dos séculos XII a XIV veiculam a imagem de um porto próspero, escoador de cereais para diversos centros magrebinos e ibéricos.
Estando Azamor sob domínio do Sultão de Fez, o seu porto comercial era um dos mais movimentados da costa do Norte de África. Devido aos confrontos constantes entre o Sultão de Fez e o Sultão de Agadir, os seus habitantes pediram a protecção do rei D. João II , de quem se tornaram vassalos e tributários. O tributo anual era de dez mil Sáveis, peixe abundante naquele rio. O primeiro capitão-mor foi Martim Reinel, que esteve em funções até 1501.
Em 1513, a expulsão de alguns portugueses que viviam na cidade, e consequentemente encerramento da feitoria portuguesa por iniciativa de Muley Zião, deu origem a que em 15 de Agosto D. Manuel I de Portugal enviasse do reino uma nova armada (500 navios, 13 mil homens a pé, mais de 2 mil a cavalo), sob o comando de D. Jaime, duque de Bragança. No dia 1 de Setembro seguinte, as forças portuguesas avançaram sobre a cidade, que capitulou sem resistência.


D. João de Menezes ficou por capitão da praça, com três mil homens para a sua defesa. Entretanto, conforme informou o soberano ainda no mesmo ano, esse quantitativo era insuficiente, uma vez que a cidade era praticamente do tamanho de Évora, e as suas defesas eram muito fracas.
Durante o ano seguinte, 1514, ali actuaram os irmãos Diogo e Francisco de Arruda, responsáveis pelo que é considerado como a sua obra mais marcante no Norte de África: dois baluartes curvilíneos, o de "São Cristóvão", anexo ao Palácio dos Capitães como uma torre de menagem compacta e o do "Raio", no extremo da fortaleza, decorado por quarenta bandeiras e com espaço para mais de sessenta peças de artilharia fazerem fogo, simultaneamente em todas as direcções. A Praça-forte de Azamor foi abandonada em 1541, por determinação de D. João III.